Levantou de madruga sem rumo e sem sede
Não se preocupou com a escuridão que longe percorria toda casa.
Calçou chinelos errados, e há um copo d’água submeteu-se
Voltou para cama, como se volta de um enterro
Cobriu-se com manta velha, depois despiu-se por inteiro
Sabia que aquela noite era sozinha aos olhos dela
Apanhou então um livro e clareou com luz de vela
Não demorou mais que duas linhas para o irritar
Abriu estranhamente as gavetas e portas do armário
Apanhou um cigarro,
Não ascendeu para não fumar.
Revirou toda a casa a procura de algo
Apenas para o tempo passar
Não passou
Pôs roupas de dormir,
Ligou a TV para assistir
E saiu.
E " todo dia ela faz tudo sempre igual" (Chico Buarque de Holanda)
@Camilla Rodrigues/010