sábado, 26 de março de 2011

Se eu fosse um jovem, eu fugiria desta cidade...


O Discurso da palavra

Nesses textos poluídos por normas e regras gramaticais, sou uma palavra contadora de histórias, sou parte dessa produção textual, e então me vejo na condição, também, de observadora - anunciante e representante de um gênero;
Vejo nesse texto palavras perversas, palavras encantadoras, palavras complicadas, palavras conformadas e aqueles mal educados palavrões. E todos esses grupos de palavras escorrem ás vezes sobre a mesma pagina (injustiça, talvez), pagina suja!
Quando corremos com lápis, tentando não nos aproximar das palavras anteriores, ou correr até que encontremos uma palavra que seja ao menos parecida com nosso grupo, vemos limites no final da linha, que nos obrigam a migrar para a linha abaixo, tiranos!
Isso, quando não nos obrigam a imigrar para a outra página, não queremos virar a página, o que queremos é cair no abismo, no limite daquele contorno, nomeado linha, queremos muitas vezes sair da linha, afundar, e ver onde chegaremos afinal.
E quando recomeçarmos, em qualquer linha, não queremos ser obrigadas a nos alinharmos num parágrafo, porque afinal isso seria nos igualar ás palavras conformadas, as ditas alinhadas ao sistema ridículo gramatical, que pessoalmente eu acho um grande erro ninguém ter a coragem de desobedecê-lo, não iremos nos igualar! Ah, e queremos deixar claro, que reivindicamos também o uso dos "travessões" indicando quando devemos começar, quem os denominou? São só traços gente! São traços que não dizem nada se não houver quem os acompanhem.

Esses textos são perversos alguns aconselham até vocês a saírem da condição leitor, escritor e se rebaixarem a condição borracha, serio, é ridículo a realidade, mas existem cursos livres para isso, o mercado da borracha vem em crescimento, eles lucram com borrachas! Borracha não pensa, borracha elimina erros, mas não aprendem com esses erros, borracha só faz esquecer o que ia ser escrito, e não foi.
Já ouvi até dizer, que alguns tiramos, esfregam uma borracha na outra, com o pretexto de "limpa-las". Quanta crueldade eliminar características assim!
Mas nós,  estamos aqui para pedir á vocês que não se tornem borrachas e nem ás prefiram,  não gostamos de borrachas, sinceramente não são nada além de objetos, não falam, são mudas, quadradas, não têm memórias e significados.
Não aconselhamos ninguém a ser borracha, afinal somos palavras.

Caros colegas, não se iludam com textos grotescos,  não se enganem com as palavras conformadas, não dê espaços a tantas regras assim, não se sintam limitados com os pontos finais, não prefiram as borrachas, não dêem vozes aos palavrões, não acreditem nas palavras perversas, não façam desse sistema o contexto de novo.

Nós da cooperativa das palavras encantadoras convidamos vocês a fazerem conosco manifestações, nos unindo em poesia em praça pública, em debates estudantis, em discursos políticos, em reflexões, em prosa, em textos, em conversas de bar.
Convidamos vocês para ignorar pontos finais e ir além....

Meu nome é drama, sou uma palavra, tenho anos incontáveis de existência, sou da família das palavras encantadoras, e venho aqui representar meu grupo com o intuito de juntamente com vocês planejar um novo acordo ortográfico rumo à liberdade!