quarta-feira, 20 de abril de 2011

Estudos sobre o sentido da vida

Desconfio que o sentido da vida seja simplesmente o riso.
-A criança de mãos dadas que passeia com a mãe, me olha apreensiva á espera de um sorriso meu, e quando eventualmente atendo a sua expectativa vejo um olhar satisfeito, que parece contornar os cílios, esticando-se para todo o resto...
- O menino que me pede dinheiro no farol, aguarda antes das moedas, um semblante bem humorado e comovido... Ele me olha, eu sorrio e nego dar-lhe a “esmola”, noto que ele sente-se grato ainda sim.
- Querer o sorriso de quem se ama, é um bom motivo para amar diariamente
- O amor tem naturalmente um semblante feliz, senão não me parece amor, e arisco; seria um vício.
- O público no circo aguarda o sorriso do palhaço, o palhaço só sorri para ver seu publico sorrir, (Essa é a profissão mais bem paga)
- Na escola compreendi que todos aguardavam um sorriso; a menina que “ama” em segredo aguarda o sorriso do menino que a despreza; o menino que marca um gol esforçasse esperando o sorriso dos colegas. -O sorriso entre aluno e professor será gratificação oferecida.
- O riso vence a partida!
- Porque o sexo é um sorriso em parceria
E a gargalhada é conseqüência do orgasmo
-O homem que peca, assume seu pecado com grande honra se o riso por ventura lhe for constante
- porque não ha tremendo engano do que viver a ausência dele
-O poeta que se despede em lágrimas da sua musa, suporta a dor por desconfiar que a poesia da ausência o fará sorrir.
- O riso depois da lágrima é severamente produtivo
Penso eu que deus fez adão para contar-lhe piada...
E até a blasfêmia será aceita num programa de humor.
È possível mesmo que deus tenha sido poeta,
Mas é possível também que nos tenha feito como sua obra de arte; para gozar meramente de sua criação


Desconfio porém que eu esteja também errada sobre tais afirmações

" E me calo com a boca de feijão"

imagem: Operários - Tarcila do Amaral

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Autobiografia de Afrodite

Fui fecundada entre céu e terra
Esculpida pelas ondas de um mar tranquilo.
Sou órgãos gerados da morte de um deus que odiou seus próprios filhos.
Nasci para o amor
Não fui criança
Tomei forma de mulheres nuas num só corpo
Atravesso ás águas, e sou guiada pelo vento
Sinto-me pouco humana a cada dia que passa,
E gozo da riqueza de minha própria criação,
Mil olhos me vêem com um desejo animal cravado nas pupilas
Tão somente humanos, e não me atiçam os desejos!
Fui pintada num quadro para minha própria observação
E poesia de um homem que contradisse a própria espécie, elevou-se, coroando-se poeta
Amo-o como inspiração para um nascimento eterno
[...]
Meu nome é Afrodite.
 
 
 
 
 
 
Imagem: O Nascimento da Venus, Sandro Botticelli, 1482