sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Toque


Faço do toque hoje poesia,
suja,
solta,
livre,
poeta.

Minha janela é platéia,
Para a lua que me olha
cheia,
quente,
ardente,
ousada.

humana, desisto das palavras...
rouca,
louca,
....
nua!


(Me perco no meu corpo...E não me importo)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diário de um péssimo escritor

toda vez que sento pra escrever choro,
daí então me sinto completa
Talvéz as lágrimas exprimam melhor meus sentimentos do que minhas palavras
então eu vou chorar a vida inteira.
Cansei de ser poeta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O outro Apocalipse

Os amantes, os alcoólatras, psicólogos,
Todos os filósofos, os músicos, o palhaço,
O malabarista, o bailarino, o ator

O cineasta amador, os maus pagos,
O maltrapilho, revolucionário, os esquerdistas
Todo tio maluco, todo avô silêncioso,
Todo professor confuso,  o escritor que fala pouco...

Todos nós leitores, céticos e sujos.
(por pouco não somos poetas)
Todos somos loucos!

E a lágrima que faltou,
O choro que não veio fará inundar o mundo que não fizemos
O mundo acaba!
....em lágrimas.

And the world will be as one

segunda-feira, 6 de junho de 2011

*Citação

"Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada só porque podia fazer muito pouco." - Edmund Burke


imagem:releitura de René Magritte

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Estudos sobre o sentido da vida

Desconfio que o sentido da vida seja simplesmente o riso.
-A criança de mãos dadas que passeia com a mãe, me olha apreensiva á espera de um sorriso meu, e quando eventualmente atendo a sua expectativa vejo um olhar satisfeito, que parece contornar os cílios, esticando-se para todo o resto...
- O menino que me pede dinheiro no farol, aguarda antes das moedas, um semblante bem humorado e comovido... Ele me olha, eu sorrio e nego dar-lhe a “esmola”, noto que ele sente-se grato ainda sim.
- Querer o sorriso de quem se ama, é um bom motivo para amar diariamente
- O amor tem naturalmente um semblante feliz, senão não me parece amor, e arisco; seria um vício.
- O público no circo aguarda o sorriso do palhaço, o palhaço só sorri para ver seu publico sorrir, (Essa é a profissão mais bem paga)
- Na escola compreendi que todos aguardavam um sorriso; a menina que “ama” em segredo aguarda o sorriso do menino que a despreza; o menino que marca um gol esforçasse esperando o sorriso dos colegas. -O sorriso entre aluno e professor será gratificação oferecida.
- O riso vence a partida!
- Porque o sexo é um sorriso em parceria
E a gargalhada é conseqüência do orgasmo
-O homem que peca, assume seu pecado com grande honra se o riso por ventura lhe for constante
- porque não ha tremendo engano do que viver a ausência dele
-O poeta que se despede em lágrimas da sua musa, suporta a dor por desconfiar que a poesia da ausência o fará sorrir.
- O riso depois da lágrima é severamente produtivo
Penso eu que deus fez adão para contar-lhe piada...
E até a blasfêmia será aceita num programa de humor.
È possível mesmo que deus tenha sido poeta,
Mas é possível também que nos tenha feito como sua obra de arte; para gozar meramente de sua criação


Desconfio porém que eu esteja também errada sobre tais afirmações

" E me calo com a boca de feijão"

imagem: Operários - Tarcila do Amaral

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Autobiografia de Afrodite

Fui fecundada entre céu e terra
Esculpida pelas ondas de um mar tranquilo.
Sou órgãos gerados da morte de um deus que odiou seus próprios filhos.
Nasci para o amor
Não fui criança
Tomei forma de mulheres nuas num só corpo
Atravesso ás águas, e sou guiada pelo vento
Sinto-me pouco humana a cada dia que passa,
E gozo da riqueza de minha própria criação,
Mil olhos me vêem com um desejo animal cravado nas pupilas
Tão somente humanos, e não me atiçam os desejos!
Fui pintada num quadro para minha própria observação
E poesia de um homem que contradisse a própria espécie, elevou-se, coroando-se poeta
Amo-o como inspiração para um nascimento eterno
[...]
Meu nome é Afrodite.
 
 
 
 
 
 
Imagem: O Nascimento da Venus, Sandro Botticelli, 1482

sábado, 26 de março de 2011

Se eu fosse um jovem, eu fugiria desta cidade...


O Discurso da palavra

Nesses textos poluídos por normas e regras gramaticais, sou uma palavra contadora de histórias, sou parte dessa produção textual, e então me vejo na condição, também, de observadora - anunciante e representante de um gênero;
Vejo nesse texto palavras perversas, palavras encantadoras, palavras complicadas, palavras conformadas e aqueles mal educados palavrões. E todos esses grupos de palavras escorrem ás vezes sobre a mesma pagina (injustiça, talvez), pagina suja!
Quando corremos com lápis, tentando não nos aproximar das palavras anteriores, ou correr até que encontremos uma palavra que seja ao menos parecida com nosso grupo, vemos limites no final da linha, que nos obrigam a migrar para a linha abaixo, tiranos!
Isso, quando não nos obrigam a imigrar para a outra página, não queremos virar a página, o que queremos é cair no abismo, no limite daquele contorno, nomeado linha, queremos muitas vezes sair da linha, afundar, e ver onde chegaremos afinal.
E quando recomeçarmos, em qualquer linha, não queremos ser obrigadas a nos alinharmos num parágrafo, porque afinal isso seria nos igualar ás palavras conformadas, as ditas alinhadas ao sistema ridículo gramatical, que pessoalmente eu acho um grande erro ninguém ter a coragem de desobedecê-lo, não iremos nos igualar! Ah, e queremos deixar claro, que reivindicamos também o uso dos "travessões" indicando quando devemos começar, quem os denominou? São só traços gente! São traços que não dizem nada se não houver quem os acompanhem.

Esses textos são perversos alguns aconselham até vocês a saírem da condição leitor, escritor e se rebaixarem a condição borracha, serio, é ridículo a realidade, mas existem cursos livres para isso, o mercado da borracha vem em crescimento, eles lucram com borrachas! Borracha não pensa, borracha elimina erros, mas não aprendem com esses erros, borracha só faz esquecer o que ia ser escrito, e não foi.
Já ouvi até dizer, que alguns tiramos, esfregam uma borracha na outra, com o pretexto de "limpa-las". Quanta crueldade eliminar características assim!
Mas nós,  estamos aqui para pedir á vocês que não se tornem borrachas e nem ás prefiram,  não gostamos de borrachas, sinceramente não são nada além de objetos, não falam, são mudas, quadradas, não têm memórias e significados.
Não aconselhamos ninguém a ser borracha, afinal somos palavras.

Caros colegas, não se iludam com textos grotescos,  não se enganem com as palavras conformadas, não dê espaços a tantas regras assim, não se sintam limitados com os pontos finais, não prefiram as borrachas, não dêem vozes aos palavrões, não acreditem nas palavras perversas, não façam desse sistema o contexto de novo.

Nós da cooperativa das palavras encantadoras convidamos vocês a fazerem conosco manifestações, nos unindo em poesia em praça pública, em debates estudantis, em discursos políticos, em reflexões, em prosa, em textos, em conversas de bar.
Convidamos vocês para ignorar pontos finais e ir além....

Meu nome é drama, sou uma palavra, tenho anos incontáveis de existência, sou da família das palavras encantadoras, e venho aqui representar meu grupo com o intuito de juntamente com vocês planejar um novo acordo ortográfico rumo à liberdade!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

* Citação em memória aos 15 anos sem Caio



"E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda."








Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948 — Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

...



Boa noite amor,

Sei que não deveria ligar á essa hora, você está cansada e não quer atender, eu sei.
Mas precisava ouvir esse teu silêncio novamente, se esvaziando tanto de mim, e eu me esvaziando do orgulho... Eu deveria até me envergonhar por isso, submisso de um sentimento.

Tenho sentido medo, medo...
Larguei o emprego como disse que faria, desculpa, não via sentido mais naquele lugar, vendi o carro, vou deixar a barba crescer, tenho preguiça, você sabe. Tenho acordado todas as manhãs um pouco mais cedo, abro as janelas antes de sair do quarto, faço café, e me sento á mesa para ler o jornal, confundo-me com a leitura em voz alta, e por vezes não pareço estar só. Assisto novelas, às vezes pareço rir, e me pego ausente de mim, ausente de ti, ausente.
Adotei um gato como você sempre quis, arrumo a cama todas as manhãs, organizo os livros que não leio, e nunca mais bebi água sem ferver, que é pra me ver um pouquinho mais em ti.
O tempo está frio, e apesar de gostar do inverno, há tempo sinto pouca vontade de sair de casa, e não saio.
Os dias tentam me convencer que vai ser assim, e eu nego.

...Amor, liguei porque eu preciso que me escute de novo....
Espero ainda que você volte.
Enquanto isso, eu vou me matando, sozinho.
Não demora.
Eu te amo


São Paulo,Abril de 1992

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Bicho em extinção

Ontem vi outro bicho
Cantando poesia livre, e poemas entre os fálidos
Que se nega a viver na imúndice do pátio
Que se nega a condição de ser só bicho

O bicho sensível, que cheirava e examinava
Tinha feridas no peito e um olhar machucado
Um olhar bonito e angustiado, mas feliz por saber ver

O bicho meu Deus que acredita no amor
O bicho que amava
Ontem vi um bicho diferente dos que Manuel via;

O bicho que olha os outros bichos no lixão e chora.
O bicho que é raro, em extinção no pátio
Ontem vi um bicho diferente

Vi um bicho que o homem não quer ver

Por que meu Deus, por que?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O desfile da loucura

Faz de mim profeta rouca
poeta de prazer

Dinâmica do mundo falho; cegos e surdos

Nasce enfim outro homem,
na mesma condição de nunca dizer não para sociedade
Fingi acreditar nessa cegueira por necessidade
Forte, não deixa-se cegar.
Viola as leis, pede aplausos

Concilia mente e fé, reconhece-se em um orgasmo
Arranca do peito discurso de poeta
político,  e incostante de si

Da espaço a sua evolução e grita;
" Piedade senhor dos cegos por fé, piedade dos que esperam, tende piedade dos que não andam.
 pó daqui serão, mais nada!
piedade, eles não sabem ouvir"

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Achados e Perdidos; um diário Imaginário

O diário era grande e tinha poucos escritos, não por falta de história, devia ser  falta de memória, ou algo parecido. Sabia eu sem nem ter lido, que a dono devia era gostar de poesia,  regalias, mentiras, contos e talvéz massagem.
A capa era dura e negra, e me ofuscava a visão.
Os papéis, já velhos, gastos, sensíveis, distantes e tão presentes, conservava  fielmente as palavras da dona, que reconheci pela letra, era mulher, uma mulher distraída, pensei eu. As dobras no canto da folha confessava-me que aquilo tinha sido carregado de mão em mão, feito dinheiro sujo, maltidas orelhas!
A dona fazia algumas poesias feito criança indecisa, que chora intensamente e para fácil por motivo qualquer, brincava de ser poeta, brincava de ser atéia, mas hora parecia tanto saber crer, estranho.
Uma das páginas de Janeiro, talvéz dia 03 ou 04 não me lembro muito bem, reconheci uma bela citação de Vinícius, Vinícius de Moraes, bom gosto! pensei. E desse bom gosto me brotou no peito uma vontade de não devolver o diário da mulher, "que faça outro" , afimei em pensamento egoista demais pra um velho. Que se dane!
A citação escrita como diálogo, como diálogos noturnos, feito pedido dos que crêem e que esperam, esperava de mim uma resposta.

 A moça fez quase uma oração;
 " Dele se encante mais meu pensamento"

Eu, em resposta, fechei os olhos, o diário e madrugada.
(Penso ter dito amém no final, mas não lembro muito bem, dormi antes que a poesia terminasse)

Um só Vinícius


Velho sacana, bohemio, vagabundo
Vira, vira todo esse mundo
E para ele para te ouvir cantar
Poeta do perdão, perdoa além daquela canção
Essa gente improvisada, parada, sem nada,
Sem samba nem violão.
Perdoai-vos Mestre, eles não sabem o que fazem
“poeta, meu poeta, camarada”
Olha só em que roubada a gente se meteu
Falar de amor é sacanagem
Pra um sujeito descrente feito eu